Dane-se

Na estréia desse blog, eu queria apresentar um texto, um tabto quanto infantil ou rebelde aos olhos de muitas pessoas, mas que expressa e sempre expressou a minha opinião mais profunda em relação a modismos, em relação a pessoas cuja essência é baseada em pré-definições estáticas de uma sociedade capitalista, não que eu seja a favor do socialismo, mas a favor do livre arbítrio, a favor da personalidade de cada um, que é o que nos difere.

Cada pessoa é de um jeito, eu sou assim, do MEU jeito, e já cansei de críticas por causa do meu modo de ser, meu modo de me vestir, meu modo de viver.

Este post inicial, é mais uma forma de desabafo, de algo que está entalado a anos em minha garganta, e que parece que quanto mais alto eu grito, menos me escutam.

Este é um texto que eu escrevi já há alguns anos, mas que até hoje expressa muita coisa.


Dane-se

"Danem-se os iguais.
Danem-se os cabelos com franjinha na testa.
Danem-se as camisetas coloridas com estampa de surfe atraz.
Danem-se os sapatos, os ternos e as roupas sociais.
Danem-se os bonés, sempre com as mesmas malditas cores.
Dane-se gostar de Bob Marley, Kurt Cobain e Ozzy e não saber porra nenhuma do que eles falam. E Che Guevara? Pra que estampar na camiseta se não sabem nem que ele é
Castelhano?
Danem-se as danças iguais, os passos iguais, os sorrisos iguais.
Danem-se as fábricas de roupa que contribuem para tudo isso e cobram caro.
Dane-se o e-mail, a Internet.
Dane-se a globalização.
Danem-se os que conseguem a proeza de agarrar as meninas à força nas festas e se gabam que pegaram 15 numa noite.
Dane-se a palavra "galera", o " ficar". Danem-se os rappers norte-americanos que só falam que "eles são foda e que pegam todo mundo".
Danem-se as mulheres que se prestam pra cantar e rebolar ao lado dos mesmos rappers, nas mesmas músicas.
Danem-se os que chamam rap de hip hop.
Danem-se os que dizem que História é um saco, um saco é não saber porque está aí, numa merda ou em um berço de ouro.Um saco é achar que a maconha é o centro do universo. Dane-se o vizinho.
Dane-se a musica baixa.
Danem-se os coitados que só escutam rock, ou só rap, ou só raggae, ou só jazz, ou só samba, ou só mambo.
Danem-se os que acham que só o que pensam está certo.
Dane-se a Aids.
Danem-se Osama e W. Bush.
Danem-se 11 de setembro, 31 de março, 7 de setembro, 1° de abril.
Dane-se o capitalismo. E o socialismo. Nenhum, nunca, deu certo e ainda mataram milhões. Danem-se a água, a camada de ozônio, o AMOR: eles estão acabando. Danem-se as pegadinhas, os domingos na tv aberta, o Faustão, o Gugu, a Hebe, O Leão, e esses caras que falam horas e horas e não dizem nada.
Dane-se o ônibus lotado, o mendigo, o Bob, o Getúlio, o cachorro cagando na rua.
Dane-se a escola, que só ensina coisas inúteis, as quais, nunca ninguém ocupou e nem vai ocupar quando for adulto.
Dane-se o fim de semana, todo dia deveria ser fim de semana.
Dane-se quem se importa com o que os outros falam ou pensam, não são eles quem pagam suas contas no final do mês.
Danem-se as promessas de amor eterno, as juras de fidelidade, que nunca são cumpridas.
Dane-se a moda.
Dane-se o plágio, a cópia.
Danem-se os famosos.
Danem-se as novelas, os programas de TV.
Dane-se quem se presta a investigar esses mesmos famosos, que nem sabem de sua existência.
Danem-se quem julga as pessoas pela sua aparência, aonde foram parar os princípios da humanidade?
Que mundo é esse em que vivemos? Onde uma boa aparência, um cabelo “normal” aos olhos comuns e dinheiro são sinônimos de bom caráter?
Dane-se quem vive nesse mundo e se conforma com essa situação medíocre e mesquinha.
Dane-se quem não tem personalidade, auto-estima suficiente para viver sua própria vida sem a influência mais que direta de modismos.
Dane-se a futebol.
Dane-se quem perde horas de suas vidas vendo 22 homens suados correndo atraz de um pedaço de coro, se matando, e ganhando milhares somente para por esse mesmo pedaço de coro em meio a três pilares brancos.
Dane-se quem não vive.
Dane-se quem não aproveita o que tem! Deus dá asas a quem não sabe voar.
Dane-se, dane-se, dane-se."

Não sou escritor e nem perto disso, mas todos temos nossos momentos de reflexão literária não é?