Vicio X Vicio
Já faz muito tempo que eu não escrevo uma linha que não seja em MSN, em mensagem de celular ou em um bloco de notas deixando recado pra clientes. Também... faz tempo que não há a necessidade de um desabafo, que possa ser (ouvido) lido e somente isso... sem comentários desnecessários, sem julgamentos... apenas ouvido.
Talvez o que uma pessoa passe, nem sempre seja inédito... talvez aconteça com mais pessoas do que se tem idéia... mas sempre que acontece com a gente, parece ser diferente.
Você já teve algum vício? E dois vícios?
E se um dos vícios fosse o oposto do outro?
Não é o fato de não saber qual escolher que lhe deixa frustrado, mas o fato de que a não existência do primeiro depende diretamente da essência do outro.
Confuso?
Exemplo apenas hipotético que não tem nada a ver com a vida particular e privada de ninguém:
Você fuma... vicio do tabaco, que alguns até chamam de masoquismo, o alto-flagelo que dá prazer. Você fuma talvez por vício psicológico, talvez por vício físico, enfim... você fuma.
Você sabe os males disso, você entende perfeitamente como sua vida seria sem este.
Do outro lado, você ama. Você ama alguém com uma intensidade que às vezes chega machucar. Não fisicamente, é claro. Mas você não imagina um mundo onde estar perto, onde ter notícias desse amor não seja possível.
O segundo é contra o primeiro... natural, nada mais justo em não querer ver a pessoa que você ama se machucando e encurtando sua vida.
Agora... pra terminar com o primeiro, é necessário o apoio incondicional do segundo. Quem é usuário do tabaco sabe, qualquer stress, qualquer barriga cheia, vem o apelo físico/psicológico pelo produto, pela droga.
Então teoricamente, a pessoa amada deveria te apoiar não? Deveria haver um suporte psicológico para superar uma etapa da sua vida que não deveria nem existir.
E quando isso não acontece?
Há 2 opções... sórdidas opções, que ninguém em momento nenhum de nenhuma vida lhe falou que poderia haver.
Você escolhe um vício, simplesmente... e usa qualquer artifício pra se livrar do outro.
Não importa a dor, a dificuldade... você simplesmente escolhe, mata no peito, e segue em frente.
Não há comparação na vida real entre dois vícios tão distintos, além do fato que viciam.
FATO!
Amar vicia.
Fumar vicia.
Álcool vicia.
Sexo vicia.
Drogas pesadas viciam.
Pizza vicia.
Coca-cola vicia.
Jogos de computador viciam.
Tudo vicia, e tudo que é demais acaba fazendo mal.
E se tudo que é demais acaba fazendo mal, já respondo a mim mesmo uma pergunta que nunca nem sequer fiz a mim mesmo.
Amar faz mal?
Faz... faz mal, quando faz falta.
E se faz falta, é porque já foi usado constantemente.
Então... vicia.
Pra exterminar um vício então, recorrer a outros vícios para substituir o primeiro, é válido?
É válido, mas é um círculo vicioso.
Então a resposta para todas as perguntas feitas:
"Se vicia é droga. Pare."
Posso dizer que já fui viciado em muita coisa, desde comer casquinha de lápis depois de apontar, misturado com cola Tenaz, passando pelo vicio de não dormir sem ouvir o famigerado Mr. Pi em suas antigas madrugadas, ou o gordo intelectual Jô Soares, até o vício de amar.
Conclusão?
O negócio então, é abrir mão de alguns vícios, por causa de outros, e não importa o quanto seja difícil. Afinal de contas, quando não houver mais ar em seus pulmões, e bichinhos gosmentos tomarem conta do que um dia foi seu "corpitcho", o que vai importar, é quem você deixou pra traz, e quanta falta o vício de simplesmente ser você sem vícios, vai fazer.
Ou não.